domingo, 3 de agosto de 2014

Festival movimenta a cidade do carimbó

Festival do Carimbó

Mestre Lucindo
homenagens Mestre Lucindo Nascido no dia 3 de março de 1908, em Água Boa, no município de Marapanin
Fotos Sodrepara


Público movimenta o primeiro dia do Festival de Carimbó em Marapanim
Um mastro com cerca de quatro metros de altura, enfeitado com frutas e bebidas alcoólicas, erguido na praça central de Marapanim, nordeste do Pará, anuncia. É dia de festa na cidade. Na noite desta sexta-feira, 1º, o município abriu oficialmente a oitava edição do Festival de Carimbó – principal evento cultural da cidade. Com uma extensa programação de música, dança e artesanato local, o festival realizado pela Associação Marapananiense de Agentes Multiplicadores de Turismo (Amatur) com o apoio do Governo do Estado e da Lei Semear animou uma multidão que se concentrou desde cedo na praça – batizada até o próximo domingo, 3, de Cidade do Carimbó.


















 “Marapanim é conhecida pela valorização do carimbó raiz. Por isso, esse evento é tão esperado pelos moradores. Durante três dias, tudo gira em torno de apenas um som, acompanhado de muito tambor, banjo e curimbó – instrumento que originou todo esse ritual”, afirma o compositor Mario Canuto, um dos coordenadores do evento. Segundo ele, o principal objetivo do festival é a valorização do ritmo, que no próximo mês de setembro concorre título de patrimônio cultural imaterial do país.
Pesquisadora do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), a técnica em antropologia Larissa Guimarães, fez questão de ir até ao município para anunciar a novidade ao publico do festival. De acordo com ela, uma reunião do conselho consultivo do IPHAN deve decidir no dia 11 de setembro, se o carimbó será registrado ou não como patrimônio cultural imaterial do estado. “Com a certificação, o carimbó será o quarto bem de patrimônio cultural imaterial do Pará, somando-se ao Círio de Nazaré, a Festividade de São Sebastião do Marajó e a capoeira”, explicou.
Na foto: a pesquisadora do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e técnica em antropologia, Larissa Guimarães.
 O registro como patrimônio cultural brasileiro é um instrumento de reconhecimento concedido pelo governo federal a um determinado bem que seja reconhecido enquanto uma referencia cultural em todo o país. “Estamos muito felizes com essa notícia e acreditamos piamente que o carimbó consegue preencher todos os requisitos pedidos para esse tipo de reconhecimento. Por isso, esse ano, com essa expectativa batendo as portas, acreditamos que vamos ter um dos melhores festivais no município”, ressalta Ranilson Trindade, presidente da Amatur e coordenador geral do evento.

 Membro do grupo de carimbó Os Originais, um dos mais tradicionais do município, o músico Humberto dos Santos, 69, conhecido como mestre Ninito, afirma que o festival reacende a busca pelo carimbó raiz. “A cada novo evento desse tipo, o carimbó raiz, que até alguns anos corria o risco de desaparecer, passa a tomar um novo fôlego. Por isso, esse momento é muito celebrado por todos aqueles que escolheram esse ritmo como vocação”, conta o mestre, que desde os 16 anos participa de grupos folclóricos e já soma 12 composições em sua carreira.

 Com uma trajetória longa no mundo da música, herdada dos pais, o compositor Luiz dos Santos, 72, mestre Luiz, também comemora a realização de mais um festival  e diz que o evento incentiva o contato do ritmo com as novas gerações. “Uma das coisas que mais me deixa contente é ver crianças e jovens se interessando em tocar e dançar em grupos de carimbó. Isso se renova a cada festival e me dar a esperança de que essa tradição nunca vai acabar”, comemora o mestre, que guarda em seu repertório cerca de 40 composições.
Enquanto os grupos se apresentam no palco, ao redor da praça gente de todas as idades se rendem ao som contagiante do carimbó. O casal de aposentados Manoel da Costa, 76, e Paulina Trindade, 71, dizem que não perdem um festival. Por isso, fazem questão de estar a caráter para festa. “Eu adoro esse ritmo, nem que eu queira não consigo ficar parada. O carimbó está no sangue dos marapananiense. Tanto os que nasceram aqui, como os que assim como eu, escolheram essa cidade para morar”, conta Paulina. “Só de ouvir o batuque do curimbó, meu pé já começa a se arrastar sozinho”, brinca o aposentado.
Para garantir a segurança dos moradores e visitantes durante os três dias de festival – a Polícia Militar trabalha com efetivo de 12 homens e quatro viaturas nos principais pontos de movimentação do município. “Como é um evento formado na maioria por famílias, a tranquilidade é muito grande. Tanto que o primeiro dia, nenhum ocorrência grave foi registrada no local”, afirmou o sargento Deusdeth Nogueira, comandante do policiamento na área.
Após as apresentações no palco, a festa seguiu por toda a noite no barracão das tradições – espaço montada especialmente para o publico dançar carimbó na praça

 Coordenador geral do evento, Ranilson Trindade.
Texto: Adison Cesar Ferrera

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