quarta-feira, 1 de novembro de 2017
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
História – Mantos de Nossa Senhora de Nazaré
História – Mantos de Nossa Senhora de Nazaré
Segundo a lenda do achado da Imagem da Virgem de Nazaré, ela já estava com um manto no momento em que foi encontrada pelo caboclo Plácido. A tradição foi mantida e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros.
Em 1953, a imagem autêntica recebeu um manto bordado a ouro e pedras preciosas, além de receber a Coroa Pontifícia. A confecção dos primeiros mantos é atribuída à irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant’Ana, do Colégio Gentil Bittencourt. Ela confeccionava o manto e o promesseiro doava o material.
Foi assim até sua morte, em 1973. Depois disso, quem assumiu a missão foi a ex-aluna e ajudante, Esther Paes França, que fez 19 mantos. A partir daí, vários católicos e estilistas famosos passaram a confeccionar o manto que veste a Imagem Peregrina para as procissões do Círio.
Footos: Sodrepara
Segundo a lenda do achado da Imagem da Virgem de Nazaré, ela já estava com um manto no momento em que foi encontrada pelo caboclo Plácido. A tradição foi mantida e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros.
Em 1953, a imagem autêntica recebeu um manto bordado a ouro e pedras preciosas, além de receber a Coroa Pontifícia. A confecção dos primeiros mantos é atribuída à irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant’Ana, do Colégio Gentil Bittencourt. Ela confeccionava o manto e o promesseiro doava o material.
Foi assim até sua morte, em 1973. Depois disso, quem assumiu a missão foi a ex-aluna e ajudante, Esther Paes França, que fez 19 mantos. A partir daí, vários católicos e estilistas famosos passaram a confeccionar o manto que veste a Imagem Peregrina para as procissões do Círio.
Footos: Sodrepara
sábado, 7 de outubro de 2017
CÍRIO 2017 CÍRIO 225 AGORA JÁ NO FINAL
A procissão do Círio tem 3,6 quilômetros de percurso, saindo da Catedral, na Cidade Velha, até a Praça Santuário de Nazaré. A festa é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde 2013.
Em torno de mais um Círio, o de número 225, reúnem-se peregrinos, promesseiros, turistas, devotos, colaboradores, voluntários... mas se resumem a uma só nomenclatura: filhos de Nossa Senhora de Nazaré.
O tema deste ano “Maria, Estrela da Evangelização”, e também dia do Recírio, foi escolhido a partir dos escritos de São Bernardo de Claraval: “Olha para a estrela, invoca Maria”. O nome Maria, na sua origem mais primitiva, significa estrela. Por isso, ela é a estrela da evangelização, porque ela nos mostra o caminho que nos leva a Jesus Cristo. “Maria é a estrela esplêndida que se eleva sobre a imensidão do mar, brilhando pelos próprios méritos, iluminando por seus exemplos”, explica Dom Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém.
Fotos: Marcio Lelis
O esforço conjunto da Diretoria da Festa e dos inúmeros parceiros envolvidos na organização da procissão garantiu que, pela primeira vez em muitos anos, o Círio completasse os quase quatro quilômetros que separam a Catedral Metropolitana de Belém da Praça Santuário em um tempo bastante hábil. Ás 9 horas a berlinda com a imagem de Nossa Senhora já alcançava o cruzamento das avenidas Presidente Vargas com Nazaré, à altura do edifício Manoel Pinto da Silva, com 2,10Km percorridos. Apesar dos apelos reiterados a cada ano, a corda dos romeiros foi cortada a quatro quadras da Basílica.
Às 11h18 a berlinda deixou a avenida Nazaré e ganhou o acesso da Praça Santuário, marcando os últimos momentos do Círio. A projeção da Diretoria do Círio é que as procissões deste ano reúnam 77,6 mil turistas. Somente na grande procissão deste domingo, a estimativa de participação é de dois milhões de devotos.
Fotos: Thiago Gomes
Foto: Sodrepara
Foto: Thiago Gomes
Fotos Mácio Ferreira
Nem mesmo os profissionais que já estão acostumados a acompanhar as celebrações em torno do Círio de Nazaré conseguem conter a emoção que emana da multidão de fieis diante da oportunidade de estar tão perto da imagem da Virgem.
Ontem, um dos momentos mais emocionantes e aguardados na véspera do Círio de Nossa Senhora de Nazaré: a descida do Glória, quando a imagem original, encontrada em 1700 pelo caboclo Plácido José de Souza, é retirada do topo do altar da Basílica, enquanto os fieis fazem orações de agradecimento e pedidos. As fotos são de Sodrepara Sodre.
Procissão noturna ganha as ruas do centro de Belém do Pará
Após missa celebrada em frente ao colégio Gentil Bittencourt pelo Bispo Auxiliar de Brasília, Dom Leonardo Ulrich Steiner, que também é secretário geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), teve início a quinta romaria oficial do Círio de Nazaré: a Trasladação. Apesar da chuva que caiu no final da tarde deste sábado (7), os fiéis se mantiveram firmes à espera da saída da berlinda que conduz a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em um percurso de três quilômetros e meio até a Catedral Metropolitana de Belém, no bairro da Cidade Velha.
A Trasladação reúne mais de um milhão de pessoas e tem duração média de quatro a cinco horas. É o mais tradicional entre os eventos que antecedem o Círio. Segundo os registros históricos, a primeira procissão noturna aconteceu em 1793, há exatos 224 anos.
Fotos: Sodrepara
FOTO: CRISTINO MARTINS / AG. PARÁ
CÍRIO 2017 CÍRIO 225 AGORA JA NO FINAL
Milhares de fieis vãos às ruas de Belém saudar a Rainha da Amazônia
Em torno de mais um Círio, o de número 225, reúnem-se peregrinos, promesseiros, turistas, devotos, colaboradores, voluntários... mas se resumem a uma só nomenclatura: filhos de Nossa Senhora de Nazaré.
O tema deste ano “Maria, Estrela da Evangelização”, e também dia do Recírio, foi escolhido a partir dos escritos de São Bernardo de Claraval: “Olha para a estrela, invoca Maria”. O nome Maria, na sua origem mais primitiva, significa estrela. Por isso, ela é a estrela da evangelização, porque ela nos mostra o caminho que nos leva a Jesus Cristo. “Maria é a estrela esplêndida que se eleva sobre a imensidão do mar, brilhando pelos próprios méritos, iluminando por seus exemplos”, explica Dom Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém.
Fotos: Marcio Lelis
O esforço conjunto da Diretoria da Festa e dos inúmeros parceiros envolvidos na organização da procissão garantiu que, pela primeira vez em muitos anos, o Círio completasse os quase quatro quilômetros que separam a Catedral Metropolitana de Belém da Praça Santuário em um tempo bastante hábil. Ás 9 horas a berlinda com a imagem de Nossa Senhora já alcançava o cruzamento das avenidas Presidente Vargas com Nazaré, à altura do edifício Manoel Pinto da Silva, com 2,10Km percorridos. Apesar dos apelos reiterados a cada ano, a corda dos romeiros foi cortada a quatro quadras da Basílica.
Às 11h18 a berlinda deixou a avenida Nazaré e ganhou o acesso da Praça Santuário, marcando os últimos momentos do Círio. A projeção da Diretoria do Círio é que as procissões deste ano reúnam 77,6 mil turistas. Somente na grande procissão deste domingo, a estimativa de participação é de dois milhões de devotos.
Fotos: Thiago Gomes
Foto: Sodrepara
Foto: Thiago Gomes
Fotos Mácio Ferreira
Nem mesmo os profissionais que já estão acostumados a acompanhar as celebrações em torno do Círio de Nazaré conseguem conter a emoção que emana da multidão de fieis diante da oportunidade de estar tão perto da imagem da Virgem.
Ontem, um dos momentos mais emocionantes e aguardados na véspera do Círio de Nossa Senhora de Nazaré: a descida do Glória, quando a imagem original, encontrada em 1700 pelo caboclo Plácido José de Souza, é retirada do topo do altar da Basílica, enquanto os fieis fazem orações de agradecimento e pedidos. As fotos são de Sodrepara Sodre.
Procissão noturna ganha as ruas do centro de Belém do Pará
Após missa celebrada em frente ao colégio Gentil Bittencourt pelo Bispo Auxiliar de Brasília, Dom Leonardo Ulrich Steiner, que também é secretário geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), teve início a quinta romaria oficial do Círio de Nazaré: a Trasladação. Apesar da chuva que caiu no final da tarde deste sábado (7), os fiéis se mantiveram firmes à espera da saída da berlinda que conduz a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em um percurso de três quilômetros e meio até a Catedral Metropolitana de Belém, no bairro da Cidade Velha.
A Trasladação reúne mais de um milhão de pessoas e tem duração média de quatro a cinco horas. É o mais tradicional entre os eventos que antecedem o Círio. Segundo os registros históricos, a primeira procissão noturna aconteceu em 1793, há exatos 224 anos.
Fotos: Sodrepara
FOTO: CRISTINO MARTINS / AG. PARÁ
CÍRIO 2017 CÍRIO 225 AGORA JA NO FINAL
Milhares de fieis vãos às ruas de Belém saudar a Rainha da Amazônia
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
225º Círio de Nossa Senhora de Nazaré
CÍRIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
Maior procissão religiosa do mundo que reúne cerca de 2 milhões de pessoas pelas ruas de Belém, no segundo domingo do mês de outubro. Inicia-se com missa às 5h da manhã, presidida pelo arcebispo de Belém,seguida da procissão que percorre diversas ruas que compreendem os bairros da Cidade Velha e Nazaré. Durante o percurso, há diversas homenagens à padroeira dos paraenses, Nossa Senhora de Nazaré. Época de maior fluxo turístico na capital do Pará.
Data / Período:
08/10/2017
Fotos: Sodrepara
Há diversas versões para o início da devoção por Nossa Senhora de Nazaré em Belém. Pesquisadores descrevem fatos quem tentam explicar a origem, embasados em documentos ou nas narrativas apresentadas ao longo da história.
Ainda em 1653, os Jesuítas iniciam a devoção a Nossa Senhora de Nazaré na localidade de Vigia de Nazaré, no Pará. Apesar da origem ser atribuída àquele local, Círio como romaria foi instituído somente a partir da metade do século XIX, vários anos após o Círio de Belém.
Foto: Sodrepara
Na capital Paraense, Dom Frei João Evangelista, quinto bispo do Pará (1772 a 1782), que pertencia à Terceira Ordem Regular de São Francisco, transcreve em um manuscrito, atribuído ao Convento de Santo Antônio dos Capuchos, em Portugal, sua conversa com Plácido José de Souza, sobre como teria sido encontrada a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em 1700. O Prelado visitou a ermida de Plácido logo após sua chegada a Belém. De acordo com o documento histórico, a imagem foi encontrada naturalmente, ao final do mês de outubro, há poucos passos ao sul da estrada do Maranhão, sobre pedras lodosas, à margem de um córrego onde o gado se saciava. O bispo relata que os pais de Plácido ainda eram vivos e que após sua morte teriam sido sepultados à margem do igarapé.
Plácido imaginou que a imagem poderia ser de algum peregrino em viagem para o Maranhão, já que os viajantes paravam ali para beber água. Também poderia ser de algum cristão que, surpreendido pelos índios, fugira ou morrera sem poder abrigar a estatueta. A choupana de Plácido, próxima ao ponto de água, era bastante procurada como pousada na estrada do Maranhão e por isso muitas pessoas conheciam a imagem, que começou a receber ceras e outros donativos. Plácido lamentava não ter recursos para preparar um oratório mais decente, mas, de acordo com o relato de Dom Frei João Evangelista: “O coração do humilde era o melhor abrigo para a Rainha dos Céus”. Almeida Pinto confirma a existência do manuscrito de Dom Frei João Evangelista, acrescentando que em 1773 foi iniciada a construção da segunda ermida por Plácido, tendo a primeira pedra abençoada pelo prelado. (Da obra “Nossa Senhora de Nazaré – Sua devoção em Portugal e no Pará – sua Basílica em Belém do Pará”, de Padre Francisco Dubois, CRSP – 1946).
Algumas narrativas apontam Plácido como agricultor e caçador. Filho de Manoel Aires de Souza, era sobrinho de Aires de Souza Chichorro, que foi um dos capitães lusos do Grão-Pará. Ana Maria de Jesus, esposa de Plácido, era natural do Pará, filha de Fernão Pinto da Gaia, irmão além-tejano Antônio Pinto da Gaia, também capitão-mor, que teria doado as terras na estrada do Maranhão, conhecidas ainda como Utinga.
O “milagre do retorno”
Certos relatos apontam que Plácido encontrara a imagem em uma bifurcação de um taperebazeiro (árvore do taperebá) e outros de que seria em uma espécie de nicho natural em meio a trepadeiras. E que, após achar a imagem, que estaria com um manto, percebeu costurado na parte interna um papel onde se lia “Nossa Senhora de Nazaré do Desterro”. Ele a levara para sua casa e a colocara em um pequeno altar de miriti, onde estavam um crucifixo e outras imagens de santos de sua devoção. No dia seguinte, a imagem teria sumido. Ao retornar ao local do achado, percebeu que ela se encontrava no mesmo lugar do dia anterior. O fato repetiu-se durante alguns dias e a notícia do “desaparecimento” se espalhou, provocando a intervenção das autoridades civis e eclesiásticas, fazendo com que a imagem fosse levada para o Palácio do Governo, ao Paço Episcopal e a recém-erguida Catedral, de onde ela também sumiu, sendo encontrada no mesmo local.
Por conta dos desaparecimentos, Plácido teria entendido que a imagem deveria ficar no local onde fora encontrada e ali construiu uma ermida para abrigá-la. O local do achado, de fato, é onde hoje se encontra a majestosa Basílica Santuário de Nazaré.
O chamado milagre da “fuga da imagem” para seu local de origem é tido como um prodígio que indica que o lugar teria sido escolhido por Deus para que ali a fé de seus filhos fosse manifestada. Ainda hoje a graça do Pai se manifesta por meio da intercessão da Vigem Santíssima, que acolhe seus filhos para celebrar, louvar, bendizer e suplicar ao Senhor.
A imagem é em si a memória e representação da Mãe que, trazendo o filho amado nos braços, acolhe toda a humanidade N’Ele simbolizada. A doutrina Católica ensina que não são as imagens que fazem milagres, mas sim Deus Trino, que por intercessão de Maria, que nos antecedeu no Reino Celeste, realiza o impossível. Ao longo da história incontáveis são os relatos de graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré aos filhos que acorrem ao local do achado da imagem, comprovando que se trata de um lugar abençoado e consagrado a Deus onde seu poder se manifesta de maneira inigualável.
Origem da Imagem
A verdadeira origem da imagem é desconhecida, supondo-se que seja de Portugal, visto que à época não haveriam “santeiros” habilitados para a elaboração desta espécie de escultura em Vigia de Nazaré, local onde a devoção foi primeiramente implantada pelos colonizadores. A estatueta possivelmente teria sido trazida pelos missionários Jesuítas, responsáveis pela difusão da devoção por este título mariano em outros locais no território amazônico. A maioria dos pesquisadores contesta a versão de que a imagem teria sido transportada por terra da localidade de Vigia pelo fato de que o caminho era perigoso por conta da presença de povos arredios ao longo do seu curso, fazendo com que só fosse possível a comunicação com Belém pelos rios.
Entretanto, no final do mês de junho, o capitão adoeceu e ficou receoso de não poder inaugurar a feira, prometendo que se ficasse curado iria mandar buscar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré ao Palácio e na capela seria celebrada uma missa, presidida pelo capelão, Padre José Ruiz de Moura, em seguida levaria a imagem do Palácio, em um palanquim, até a ermida, acompanhado pelo povo. E assim, após receber a graça, mandou buscar a imagem no dia 7 e realizou a procissão no dia 8 de setembro de 1793, sendo considerado este como o primeiro Círio.
Á frente do cortejo seguiu a cavalaria e a imagem foi transportada pelo capelão em um palanquim azul, ladeada por uma guarda nobre, o capitão, o Cabido Diocesano, todos os integrantes das casas civil e militar e uma multidão de devotos, entre brancos, indígenas e negros. Na chegada à ermida foi celebrada outra missa e após foi concedida a bênção da pedra fundamental para a construção da terceira ermida.
Por toda a semana foram realizadas ladainhas na ermida e a feira no arraial. O governador compareceu todas as noites para apreciar as barracas de palha que vendiam os diversos produtos regionais.
Da Matriz à Basílica
Para o povo cristão, se os locais consagrados a Deus como igrejas e capelas apresentam-se como especiais por si mesmos, mais especiais ainda são os que apresentam a característica de terem sido escolhidos por Deus para a realização de acontecimentos importantes, como os locais sagrados da Terra Santa, de aparições de Nossa Senhora ou de manifestações prodigiosas, como é o caso do achado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré em Belém, que colocou este lugar em um patamar importante que exige especial consagração por conta do acontecimento.
Em 1861 foi criada a Paróquia Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, enquanto as obras da construção da matriz seguiam lentamente, iniciadas em 1852, executadas até 1881, mas entregue apenas em 1884, após a resolução da chamada “Questão Nazarena”.
A matriz era considerada acanhada e sem estilo e precisou ter partes demolidas e reconstruídas, além do fato da torre que foi pedida pela Comissão Estadual de Obras não ter sido concluída. Era necessário erguer um novo templo. Os trabalhos então foram confiados a um italiano que se dizia arquiteto, mas as plantas não foram aceitas pela Câmara Municipal.
Em 1905 a Paróquia foi entregue à administração dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas), que haviam chegado a Belém em 1903 e até então teriam ficado à frente do Seminário Diocesano Nossa Senhora da Conceição.
Em 1908 chegou ao Pará o visitador dos Barnabitas no Brasil, padre Luiz Zóia, que sugeriu a construção de uma nova matriz ao lado da antiga para não interromper o andamento das atividades religiosas. Sua proposta foi de construir uma réplica reduzida da Basílica de São Paulo Extra Muros, de Roma.
Encomendou o projeto aos arquitetos Gino Coppedé e Giusepe Pedrasso, de Gênova, na Itália, e esteve à frente pessoalmente durante quase 20 anos dos trabalhos de construção. A Comissão Estadual de Obras, entretanto, interferiu no projeto, incluindo as duas torres. A primeira pedra foi abençoada pelo Arcebispo de Belém à época, Dom Santiago Coutinho, em 24 de outubro de 1909. No mesmo dia o poeta maranhense Euclides Faria apresentou o que é considerado hino oficial do Círio, “Vós sois o lírio mimoso”, de sua autoria.
Na segunda leva de Barnabitas que chegaram a Belém, em 1905, estava o jovem Padre Afonso Di Giorgio, que pôde acompanhar o início dos esforços pela construção até 1912, quando foi transferido para o Rio de Janeiro, retornando quatro anos depois como superior da comunidade, encarregado das obras e vigário, substituindo o confrade, Padre Francisco Richard.
Padre Afonso entregou-se de corpo e alma, até sua morte, à conclusão das obras do templo, com a responsabilidade de revesti-lo de glória e esplendor, tornando-o uma joia da arquitetura sacra na Amazônia.
Devido a escassez de recursos, buscados de diversas maneiras, entre festividades, doações e até por cooperadores internacionais, as obras seguiram lentamente e, quem sabe por conta disso, cuidou-se minuciosamente de cada um dos muitos detalhes da arquitetura, tanto que torna-se impossível percebê-los em pouco tempo de visita.
Em 1920, mesmo com as obras ainda em andamento, a imagem encontrada por Plácido foi trasladada da antiga matriz para o interior do novo templo. Três anos depois foi inaugurado o altar-mor, comemorando-se os 25 anos de ordenação sacerdotal de Padre Afonso. A imagem foi entronizada no glória em 1926, ano em que foi concedido pelo papa Pio XI o título basilical.
Praticamente todo o templo foi elaborado em partes pré-moldadas por diversas empresas da França, Itália e também do Brasil, trazidas a Belém de navio e montadas no local, encaixadas milimetricamente nos seus lugares pré-determinados.
Fazendo parte dos elementos que compõem o Círio de Nazaré, a Basílica integra o conjunto da declaração como Patrimônio Cultural da Humanidade pela da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ocorrida em 2013.
Desde quando a Imagem Original (encontrada por Plácido) foi entronizada no glória (em 1926) outra imagem, pertencente ao Colégio Gentil Bittencourt (antes chamado de Amparo), passou a substituí-la nas romarias até 1969, quando foi confeccionada a Imagem Peregrina.
Texto: Fabrício Coleny – Jornalista Publicitário
Fotos: Sodrepara
Maior procissão religiosa do mundo que reúne cerca de 2 milhões de pessoas pelas ruas de Belém, no segundo domingo do mês de outubro. Inicia-se com missa às 5h da manhã, presidida pelo arcebispo de Belém,seguida da procissão que percorre diversas ruas que compreendem os bairros da Cidade Velha e Nazaré. Durante o percurso, há diversas homenagens à padroeira dos paraenses, Nossa Senhora de Nazaré. Época de maior fluxo turístico na capital do Pará.
Data / Período:
08/10/2017
Fotos: Sodrepara
Há diversas versões para o início da devoção por Nossa Senhora de Nazaré em Belém. Pesquisadores descrevem fatos quem tentam explicar a origem, embasados em documentos ou nas narrativas apresentadas ao longo da história.
Ainda em 1653, os Jesuítas iniciam a devoção a Nossa Senhora de Nazaré na localidade de Vigia de Nazaré, no Pará. Apesar da origem ser atribuída àquele local, Círio como romaria foi instituído somente a partir da metade do século XIX, vários anos após o Círio de Belém.
Foto: Sodrepara
Na capital Paraense, Dom Frei João Evangelista, quinto bispo do Pará (1772 a 1782), que pertencia à Terceira Ordem Regular de São Francisco, transcreve em um manuscrito, atribuído ao Convento de Santo Antônio dos Capuchos, em Portugal, sua conversa com Plácido José de Souza, sobre como teria sido encontrada a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em 1700. O Prelado visitou a ermida de Plácido logo após sua chegada a Belém. De acordo com o documento histórico, a imagem foi encontrada naturalmente, ao final do mês de outubro, há poucos passos ao sul da estrada do Maranhão, sobre pedras lodosas, à margem de um córrego onde o gado se saciava. O bispo relata que os pais de Plácido ainda eram vivos e que após sua morte teriam sido sepultados à margem do igarapé.
Algumas narrativas apontam Plácido como agricultor e caçador. Filho de Manoel Aires de Souza, era sobrinho de Aires de Souza Chichorro, que foi um dos capitães lusos do Grão-Pará. Ana Maria de Jesus, esposa de Plácido, era natural do Pará, filha de Fernão Pinto da Gaia, irmão além-tejano Antônio Pinto da Gaia, também capitão-mor, que teria doado as terras na estrada do Maranhão, conhecidas ainda como Utinga.
O “milagre do retorno”
Certos relatos apontam que Plácido encontrara a imagem em uma bifurcação de um taperebazeiro (árvore do taperebá) e outros de que seria em uma espécie de nicho natural em meio a trepadeiras. E que, após achar a imagem, que estaria com um manto, percebeu costurado na parte interna um papel onde se lia “Nossa Senhora de Nazaré do Desterro”. Ele a levara para sua casa e a colocara em um pequeno altar de miriti, onde estavam um crucifixo e outras imagens de santos de sua devoção. No dia seguinte, a imagem teria sumido. Ao retornar ao local do achado, percebeu que ela se encontrava no mesmo lugar do dia anterior. O fato repetiu-se durante alguns dias e a notícia do “desaparecimento” se espalhou, provocando a intervenção das autoridades civis e eclesiásticas, fazendo com que a imagem fosse levada para o Palácio do Governo, ao Paço Episcopal e a recém-erguida Catedral, de onde ela também sumiu, sendo encontrada no mesmo local.
Por conta dos desaparecimentos, Plácido teria entendido que a imagem deveria ficar no local onde fora encontrada e ali construiu uma ermida para abrigá-la. O local do achado, de fato, é onde hoje se encontra a majestosa Basílica Santuário de Nazaré.
O chamado milagre da “fuga da imagem” para seu local de origem é tido como um prodígio que indica que o lugar teria sido escolhido por Deus para que ali a fé de seus filhos fosse manifestada. Ainda hoje a graça do Pai se manifesta por meio da intercessão da Vigem Santíssima, que acolhe seus filhos para celebrar, louvar, bendizer e suplicar ao Senhor.
Origem da Imagem
A verdadeira origem da imagem é desconhecida, supondo-se que seja de Portugal, visto que à época não haveriam “santeiros” habilitados para a elaboração desta espécie de escultura em Vigia de Nazaré, local onde a devoção foi primeiramente implantada pelos colonizadores. A estatueta possivelmente teria sido trazida pelos missionários Jesuítas, responsáveis pela difusão da devoção por este título mariano em outros locais no território amazônico. A maioria dos pesquisadores contesta a versão de que a imagem teria sido transportada por terra da localidade de Vigia pelo fato de que o caminho era perigoso por conta da presença de povos arredios ao longo do seu curso, fazendo com que só fosse possível a comunicação com Belém pelos rios.
O primeiro Círio
Dom Frei João Evangelista faleceu antes que a resposta quanto à festa fosse concedida. Seu sucessor, Dom Frei Caetano Brandão, reiterou o pedido em 1788, conseguindo despacho favorável do Pontífice em 1790. Ao comunicar a notícia a rainha queria tratar com o prelado e com o então capitão geral do Rio Negro e Grão-Pará, Francisco de Souza Coutinho, mas o Bispo havia deixado o episcopado dois anos antes. A licença chegou durante um período de vacância no episcopado, em 1792.
Francisco de Souza Coutinho visitou o arraial em outubro daquele ano e ficou impressionado com a movimentação de devotos em torno da devoção a Virgem de Nazaré, tornando-se também devoto. Assim, resolveu dar maior importância ao local, atraindo para Belém a atenção de toda a Província. Após a liberação da festa, o governador planejou organizar para o dia 8 de setembro de 1793 uma grande feira com produtos agrícolas oriundos das várias regiões da capitania. Cada vila ou cidade precisaria contribuir com a exposição, havendo inclusive condução gratuita até Belém, especialmente com embarcações saindo de diversas localidades. Alguns navios trariam inclusive povos indígenas de várias etnias. Foram três meses de preparação para a festividade.
Fotos: Sodrepara
Á frente do cortejo seguiu a cavalaria e a imagem foi transportada pelo capelão em um palanquim azul, ladeada por uma guarda nobre, o capitão, o Cabido Diocesano, todos os integrantes das casas civil e militar e uma multidão de devotos, entre brancos, indígenas e negros. Na chegada à ermida foi celebrada outra missa e após foi concedida a bênção da pedra fundamental para a construção da terceira ermida.
Por toda a semana foram realizadas ladainhas na ermida e a feira no arraial. O governador compareceu todas as noites para apreciar as barracas de palha que vendiam os diversos produtos regionais.
Da Matriz à Basílica
Para o povo cristão, se os locais consagrados a Deus como igrejas e capelas apresentam-se como especiais por si mesmos, mais especiais ainda são os que apresentam a característica de terem sido escolhidos por Deus para a realização de acontecimentos importantes, como os locais sagrados da Terra Santa, de aparições de Nossa Senhora ou de manifestações prodigiosas, como é o caso do achado da imagem de Nossa Senhora de Nazaré em Belém, que colocou este lugar em um patamar importante que exige especial consagração por conta do acontecimento.
Em 1861 foi criada a Paróquia Nossa Senhora de Nazaré do Desterro, enquanto as obras da construção da matriz seguiam lentamente, iniciadas em 1852, executadas até 1881, mas entregue apenas em 1884, após a resolução da chamada “Questão Nazarena”.
A matriz era considerada acanhada e sem estilo e precisou ter partes demolidas e reconstruídas, além do fato da torre que foi pedida pela Comissão Estadual de Obras não ter sido concluída. Era necessário erguer um novo templo. Os trabalhos então foram confiados a um italiano que se dizia arquiteto, mas as plantas não foram aceitas pela Câmara Municipal.
Em 1905 a Paróquia foi entregue à administração dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas), que haviam chegado a Belém em 1903 e até então teriam ficado à frente do Seminário Diocesano Nossa Senhora da Conceição.
Em 1908 chegou ao Pará o visitador dos Barnabitas no Brasil, padre Luiz Zóia, que sugeriu a construção de uma nova matriz ao lado da antiga para não interromper o andamento das atividades religiosas. Sua proposta foi de construir uma réplica reduzida da Basílica de São Paulo Extra Muros, de Roma.
Na segunda leva de Barnabitas que chegaram a Belém, em 1905, estava o jovem Padre Afonso Di Giorgio, que pôde acompanhar o início dos esforços pela construção até 1912, quando foi transferido para o Rio de Janeiro, retornando quatro anos depois como superior da comunidade, encarregado das obras e vigário, substituindo o confrade, Padre Francisco Richard.
Padre Afonso entregou-se de corpo e alma, até sua morte, à conclusão das obras do templo, com a responsabilidade de revesti-lo de glória e esplendor, tornando-o uma joia da arquitetura sacra na Amazônia.
Devido a escassez de recursos, buscados de diversas maneiras, entre festividades, doações e até por cooperadores internacionais, as obras seguiram lentamente e, quem sabe por conta disso, cuidou-se minuciosamente de cada um dos muitos detalhes da arquitetura, tanto que torna-se impossível percebê-los em pouco tempo de visita.
Em 1920, mesmo com as obras ainda em andamento, a imagem encontrada por Plácido foi trasladada da antiga matriz para o interior do novo templo. Três anos depois foi inaugurado o altar-mor, comemorando-se os 25 anos de ordenação sacerdotal de Padre Afonso. A imagem foi entronizada no glória em 1926, ano em que foi concedido pelo papa Pio XI o título basilical.
Praticamente todo o templo foi elaborado em partes pré-moldadas por diversas empresas da França, Itália e também do Brasil, trazidas a Belém de navio e montadas no local, encaixadas milimetricamente nos seus lugares pré-determinados.
Fazendo parte dos elementos que compõem o Círio de Nazaré, a Basílica integra o conjunto da declaração como Patrimônio Cultural da Humanidade pela da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ocorrida em 2013.
Desde quando a Imagem Original (encontrada por Plácido) foi entronizada no glória (em 1926) outra imagem, pertencente ao Colégio Gentil Bittencourt (antes chamado de Amparo), passou a substituí-la nas romarias até 1969, quando foi confeccionada a Imagem Peregrina.
Texto: Fabrício Coleny – Jornalista Publicitário
Fotos: Sodrepara
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