Fotos: Sodrepara Thiago Gomes Sidney Oliveira e Macio Ferreira
Sábado, 8 de outubro. Três horas da madrugada. O mecânico Raimundo Cardoso, 60 anos, já fazia vigília em frente à Igreja Nossa Senhora das Graças, em Ananindeua. Ele veio de bicicleta do distrito de Outeiro para agradecer à Nossa Senhora de Nazaré pela graça alcançada. “Desde que ela me curou de um problema na coluna, há oito anos, faço questão de cumprir essa promessa. Enquanto eu estiver vivo, vou repetir”, disse ele, com os olhos cheios de lágrimas.
As águas turvas da baía do Guajará ganharam o colorido alegre das embarcações, de centenas de fiéis que acompanham o Círio Fluvial, na manhã deste sábado, 8. Bandeiras coloridas, faixas e balões ornamentavam barcos, canoas e jet skis cuidadosamente enfeitados para a procissão dedicada à Nossa Senhora de Nazaré, realizada há exatos 30 anos.
O primeiro Círio Fluvial aconteceu no dia 8 de outubro de 1986. A iniciativa, que partiu da extinta Companhia Paraense de Turismo (Paratur), se tornou tradição e hoje é uma das principais procissões oficiais da maior festa católica do norte do país. O secretário estadual de turismo, Adenauer Góes, contou que a ideia surgiu através de um sonho do então presidente da Paratur, Carlos Rocque.
Com a chegada do Círio Fluvial, começou a Motorromaria, que levou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré até o Colégio Gentil Bittencourt. Em um percurso de 2,6 quilômetros, centenas de motociclistas, ciclistas e outros veículos fizeram a escolta da imagem até o colégio, ponto de partida da trasladação.
A Motorromaria foi criada em 1990 pela Federação Paraense de Motociclismo e virou tradição para quem utiliza o veículo como meio de lazer ou transporte. O casal Raimundo e Jucy Cardoso está junto há 14 anos e há 11 anos acompanha a procissão, um na garupa do outro, no pagamento de uma promessa.
pouco mais de 5 horas depois de ter saído do colégio Gentil Bittencourt, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré chegou a Catedral de Belém em meio a orações, hinos e louvores. Era o fim da Trasladação e apenas o início da preparação da grande procissão neste domingo, 9. No local, uma multidão aguardava a chegada da berlinda com Nossa Senhora de Nazaré.
A Trasladação, uma das procissões mais aguardadas do Círio de Nazaré, percorreu o trajeto inverso ao da procissão do Círio, e levou, segundo a organização da festa, cerca de 1 milhão e 400 mil pessoas às ruas da capital paraense. Homenagens de fiéis, órgãos públicos e empresas privadas foram feitas por todo o trajeto.
Na frente da Estação das Docas, a imagem peregrina foi recebida com muitas luzes coloridas sob o foguetório dos estivadores e arrumadores do Porto de Belém. As homenagens não pararam. Fafá de Belém e artistas regionais e nacionais cantaram hinos e louvores na Varanda da Fafá. Mais cedo, no mesmo local, o coral da Policia Militar também se apresentou.
Missa em frente à Catedral de Belém marca início do Círio de Nazaré
Após horas de vigília de fiéis na praça Frei Caetano Brandão e nos demais arredores da Sé, às quatro da manhã deste domingo do Círio o largo mais antigo de Belém, já estava lotado. Fiéis, vendedores, famílias inteiras e religiosos se espalhavam: de pé, sentados, descalços, dormindo pelas calçadas e gramados, em cima de papelões, mantas, no chão frio.
Todos aguardavam a missa na Catedral de Belém que dá a largada à principal romaria do Círio. A cerimônia começou às 5h da manhã, em frente à Catedral de Belém, na Cidade Velha, após sinos dobrarem por alguns minutos na Sé.
''O Senhor esteja convosco. Ele está no meio de nós''. São as primeiras palavras a se ouvir após o coral que canta à frente da Sé despertar a dona de casa Ana Alice da Silva, que veio de Marituba, no último ônibus rumo à Cidade Velha.
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